Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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Até onde os pais podem ir na questão dos limites?

Só quem tem filhos adolescentes começando a namorar, sabe o quanto é complicado quando chega essa fase. Seria muito bom se pudéssemos contar com um manual de instruções sobre o assunto, mas como não temos esse manual, o melhor que temos a fazer é encarar o fato sem apavoramentos.

Percebo pela minha experiência de consultório que os pais, influenciados pelo liberalismo apresentado nas novelas, têm medo de assumir uma posição conservadora, pois não querem ser tachados de quadrados. Pelo contrário, querem ser bem avaliados pelos filhos.

Mas a questão é: Será que um adolescente na faixa dos 14 anos pode dizer que está apto a fazer escolhas seguras do ponto de vista afetivo? A resposta é não. Numa idade em que o corpo e a mente ainda estão em formação e o jovem está voltado para si mesmo, as emoções de qualquer natureza são muito intensas, mas enganosas.

Quando um adolescente diz que está perdidamente apaixonado e que ama alguém, leia-se “Eu quero muito essa pessoa” ou “Eu não vou viver sem essa pessoa”. A tolerância à frustração nessa fase costuma ser baixa e ele não quer abrir mão de nada, muito menos daquele romance.

É claro que posições do tipo: “Você não vai namorar e fim de papo” têm que partir do princípio de que existe um bom canal de ligação de respeito e de confiança entre pais e filhos. Do contrário, de nada adiantará, e eles o farão às escondidas.

Por outro lado, permitir que o namoro aconteça numa boa e dizer: “Veja lá o que você vai fazer. Eu confio em você” é omitir-se, e o próprio adolescente se sente mais seguro se tiver o acompanhamento dos pais.

É importante, porém que os pais não tenham medo de serem rígidos. Se, ao longo de anos, uma família construiu valores morais e religiosos que tanto pai como mãe prezam e seguem, por que jogá-los agora na lata do lixo quando se trata de orientar os filhos? Nenhum pai é obrigado a receber em casa namorados e namoradas que não aprovam.

Outra questão que merece ser entendida é o chamado “ficar” muito comum entre os adolescentes. Esse termo, aliás, tenta caracterizar um namorico inocente e sem compromissos, mas pode significar algo bem mais sério e comprometedor do que o próprio namoro.

O ideal é que os pais antes de adotarem uma posição conservadora proibindo, conversem de maneira franca com os seus filhos sobre o que é para eles o “ficar”.

Os pais podem e devem impor limites, todavia temos que ter em mente que o processo de educação é muito mais complexo do que imaginamos e vai além dos discursos verbais. Portanto, antes de qualquer atitude de nossa parte, é preciso que nos perguntemos: qual o exemplo que estou dando? Saiba: o nosso exemplo de vida, as nossas experiências do passado e do presente ensinam muito mais do que qualquer frase tirada deste artigo.

 

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