No mês de julho comemorou-se o dia do amigo. As redes sociais ficaram repletas de mensagens e frases valorizando a amizade. Segundo Aristóteles o ser humano é um ser social e, portanto, não consegue viver sozinho, mas será que é possível acreditar em amizades verdadeiras?
Schopenhauer um dos maiores pensadores do século XIX acreditava que a amizade verdadeira não existe, pois exigiria uma participação intensa e desinteressada que o ser humano não é capaz de dar, devido ao egoísmo que é próprio da sua natureza. Já Aristóteles acreditava que é possível existir amizade genuína e verdadeira já que o ser humano também possui virtudes.
A palavra “amigo” é derivada do verbo amar que sugere uma ligação mais profunda entre as pessoas e para construir uma ligação desse gênero é preciso sair um pouco de si e conhecer o outro, tarefa nem sempre fácil. Todavia se decidíssemos ou tentássemos viver sem amigos, seríamos pessoas isoladas e infelizes como foi o próprio Schopenhauer.
Mas Filosofia à parte, existem vínculos de puro interesse que não podem ser confundidos com amizade porque são vínculos fisiológicos no sentido de que cumprem apenas uma função que interessa à uma das partes ou à ambas.
Como são vínculos funcionais, terminada a sua função a amizade também termina. Esse tipo de vínculo infelizmente tornou-se a base de muitos relacionamentos como namoros, casamentos, relações profissionais, políticas, etc. Talvez isso explique porque os vínculos sociais estão fragilizados.
De fato, a sociedade como um todo, representada pelas suas instituições em todas as esferas, perdeu parte da sua credibilidade e o resultado é que as pessoas desconfiam de tudo e de todos. Faltam lastros de lealdade, sinceridade e companheirismo. Em outras palavras, falta amizade sincera.
Ao contrário do que existe numa amizade sincera, na amizade fisiológica o centro não é o “nós” e sim o “eu mesmo” caracterizando uma atitude egoísta que visa satisfazer apenas o interesse individual.
Vivemos atualmente a era do descartável onde os objetos têm uma função reduzida e está relacionada ao conceito que eu chamo de aproveitabilidade. Sendo assim fica-se com o que é aproveitável da relação e descarta-se o resto.
Talvez esse conceito explique algumas formas de amizade muito conhecidas, mas que no fundo, não são verdadeiras. Exemplo: amizade colorida onde o que importa são as cores do prazer, amizade gasolina onde o objetivo principal é a carona, amizade virtual onde os encontros são pela internet, amizade hospital para se queixar de dores ou amizade Santa Edwiges que busca o outro quando está endividado.
A vida de Jesus e os seus exemplos apontam para esse caminho que é a base ideal para a construção de relacionamentos duradouros em todas as esferas sociais.
Concluindo, construir amizades verdadeiras é uma tarefa difícil mas vale a pena. Termino com uma frase tirada do livro Eclesiático 6, 14-17: Um amigo bom e fiel vale mais que um tesouro.
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