Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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É comum referir-se a um sentimento de perda utilizando uma linguagem que se refere à dor física. Quem nunca descreveu a saudade como um aperto no peito ou o desprezo como facada no coração? O que não se sabia é que as áreas do cérebro que são estimuladas durante a dor física, são as mesmas que são ativadas depois de vivências sentimentalmente negativas. Estudo recente feito por pesquisadores da Universidade de Michigan nos Estados Unidos demonstram esse paralelo. Mas, enquanto a dor no corpo pode ser amenizada com medicamentos, o mesmo não acontece com a dor que ocorre na alma cujo sofrimento não cede nunca e contra a qual não existe nenhuma medicação. Solidão, rejeição, exclusão e bullying, entre outras, compõem o quadro daquilo se entende como dor social.

A dor social atinge cada vez mais pessoas nas regiões urbanas e é tão preocupante que a SBED (Sociedade Brasileira para Estudo da Dor) vai lançar uma campanha no segundo semestre para ajudar os pacientes a encontrar a melhor maneira de enfrentá-la. Tão importante quanto esclarecer e orientar os que sentem a dor social é conscientizar os que estão na outra extremidade do problema e não sabem que são os seus causadores. Quando praticamos atitudes de intolerância em relação àqueles que são diferentes, provocamos neles a dor social através do preconceito.

O preconceito surge quando consideramos que uma pessoa tem menos valor por ser diferente do modelo que julgamos ser o normal, de acordo com nossos valores. A diferença pode ser de raça, de classe social, de orientação sexual ou de credo religioso. Em geral, a pessoa que tem, não sabe disso, pois está no inconsciente e ninguém quer assumir. Normalmente usamos um mecanismo de defesa chamado de racionalização, ou seja, criamos uma razão que explica as nossas atitudes intolerantes. “Não tenho nada contra, apenas não gosto” é uma das expressões usadas para encobrir a culpa de quem o pratica.

Era estrangeiro e me acolhestes, são palavras de Jesus. Lembrem-se delas da próxima vez que se deparar com um morador de rua, um toxicodependente ou um marginalizado por qualquer outro motivo. Eles são seres humanos e a sua indiferença os faz sentir a dor social e isso dói muito.

Romildo R.Almeida
Psicólogo clínico

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