Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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A Vocação para a paternidade coerente.

Ser pai é saber ensinar e ser exemplo para os filhos seguirem. Até aí nada de novo, pois é o que lemos em qualquer cartilha sobre educação de filhos. Mas os tempos são outros e a escola adquiriu um papel dinâmico e propagador de informações, cujo aprendizado não pode se resumir apenas à educação de crianças. Na outra extremidade está a família e os pais representam, conscientemente ou não, o filtro onde essas informações vão fluir ou estagnar-se. A família tem que estar pronta e aberta para incorporar as novas informações que chegam através das crianças.

As contradições entre o que se aprende na sala de aula e o que se pratica em casa fazem com que a escola se torne um emissário inútil nesse importante processo de transformação social. Talvez, essa falta de sintonia entre ambas seja a razão pela qual a sociedade não evolui no sentido de incorporar valores humanos. Talvez por isso, assistimos a cada dia os frutos dessas contradições representadas na mídia por corrupção, violência, desrespeito às minorias etc. De nada adianta crianças aprenderem sobre preservação do meio ambiente e verem o pai lavando o carro com água potável em casa. Assim como não adianta aprender sobre respeito às minorias e ver um adulto com um comportamento machista ou homofóbico na família.

Somos inteligentes e temos capacidade de escolha. Estamos no mais alto nível na escala evolutiva e somos os únicos animais capazes de pensar e criar, mas às vezes nos comportamos como máquinas duplicadoras, ou seja, repetimos padrões sem refletir sobre as consequências. Fazemos isso na mais pura inocência e talvez com a desculpa da ignorância, mas fazemos. Fazemos porque alguém fez, porque a maioria faz e por isso fazemos. Reenviamos mensagens de fake news, contamos piadas homofóbicas, compramos sem nota fiscal, subornamos uma autoridade para obter vantagem e ao mesmo tempo reclamamos de políticos corruptos e de governo inoperante. Os filhos percebem essas contradições e por isso não levam nada a sério. Nesse contexto, a educação na visão deles não passa de uma brincadeira.

Precisamos tomar posse da nossa vocação humana. Se quisermos filhos honestos e responsáveis, temos que ser honestos e responsáveis. Simples assim, isso se chama coerência. Muito se fala em “deixar um mundo melhor para os nossos filhos”, mas pouco se fala em deixar filhos melhores para o nosso mundo. Nunca é tarde para começar. Sejamos pais coerentes.

     Romildo R.Almeida

    Psicólogo clínico

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