Do egoísmo à compaixão
Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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Quando o trigo é mais forte que o joio

O que faz alguém arriscar a vida para ajudar pessoas em situação de perigo? Nas enchentes que arrasaram a região sudeste no mês passado vimos inúmeros exemplos de solidariedade. Gente entrando na água para salvar pessoas ilhadas, outras fazendo marmitas para alimentar aqueles que perderam tudo. Por trás dessas ações está uma atitude que vem sendo cada vez mais objeto de estudo das ciências. Estamos falando de compaixão. Na maioria dos dicionários esse termo define o sentimento de empatia com o sofrimento alheio acompanhado do desejo genuíno de querer diminuí-lo, de alguma forma.

Por outro lado, o contrário de compaixão é o distanciamento, a indiferença, a frieza e a apatia. Tudo isso se refere ao egoísmo, palavra que define um amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar só para si mesmo desprezando as necessidades do outro. Egoísmo e compaixão são joio e trigo que crescem juntos e se antagonizam desde que o mundo existe. Infelizmente vivemos um momento histórico perigoso em que nações se fecham e se isolam e os exemplos de abertura se limitam aos interesses comerciais que objetivam o lucro. A ausência de compaixão produz a guerra que leva à fome e à miséria. Cenas catastróficas de pessoas amontoadas nas fronteiras buscando desesperadamente um lugar para viver dignamente e sendo expulsas como se fossem ratos.

No Brasil, as mortes violentas no campo e na cidade, as mortes por doenças que poderiam ser tratadas se tivéssemos um sistema de saúde de qualidade, produzem um quadro semelhante ao de um país em guerra. O egoísmo produz cegueira, rouba a nossa consciência e diminui a nossa capacidade de indignar-se diante das injustiças. Assistimos passivamente as ocupações de terras indígenas, desmatamento da Amazônia e o desrespeito às minorias. O egoísmo é o joio que habita o nosso inconsciente. Mas, temos também um grande potencial de transformação e vocação para o bem. 

Quando os elos de pequenas ações em favor da vida se juntam, podemos formar uma corrente de amor e é nesse momento que vemos o trigo florescer. É um alento saber que a compaixão pode ser ensinada e cultivada desde a infância. Olhando os exemplos de Ir. Dulce aprendemos a amar sem distinção e sem julgamentos, tendo como única motivação para as nossas atitudes, o lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.

Romildo R. Almeida

Psicólogo clínico

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