Aprendendo com as crises
Passados dois anos de pandemia e de quase 700 mil mortes, será que estamos prontos para sentarmos novamente à mesa e celebrarmos o Natal em família? Com alguns cuidados, a resposta seria sim, afinal mesmo com o aumento de casos verificado nas últimas semanas, a pandemia está sob relativo controle e não oferece os perigos de antes. Todavia, as sequelas das brigas causadas pelas discussões envolvendo preferências partidárias nas últimas eleições, ainda são um desafio a ser vencido.
É certo que estamos vivendo uma crise política que afeta as relações sociais, mas analisando o conceito de crise, temos razões para ficarmos esperançosos de que poderemos colher frutos dos conflitos gerados pela pandemia e também pela política. A palavra crise vem do grego krisis e significa mudança súbita. Conhecemos várias modalidades em que a palavra é empregada: crise econômica, crise afetiva, crise nervosa, crise política, etc. Em Psicologia, crise define um momento de sofrimento intenso, podendo ser o ponto de partida para uma mudança efetiva na vida da pessoa. Portanto, crise não é algo negativo, pois está relacionado à ideia de transformação.
Se com a crise de saúde aprendemos a seguir protocolos a fim de proteger o outro e também a nós mesmos, da mesma forma podemos aprender com as crises que provocaram desavenças e fizeram membros de família se separarem fisicamente ou deixarem de se seguir nas mídias sociais. Creio que, no atual momento, cabe aqui fazer uma pergunta: esse combate político valeu a pena? O que na verdade estamos buscando? Ter paz ou ter razão? O vazio que vai ficar em muitas mesas na ceia de Natal tem de ser o ponto de partida para a discussão que verdadeiramente vale a pena ser feita.
Será que não estamos atirando no alvo errado? Será que não temos inimigos em comum como a fome, a miséria, a violência, a degradação do meio ambiente e será que além da política não existem outras formas de combatê-los? Se percebêssemos que, em última análise fazemos parte de uma mesma família chamada humanidade, que habitamos a mesma casa chamada Terra e que compartilhamos os mesmos objetivos, poderíamos nos reunir numa mesma mesa e celebrar o Natal como irmãos. A verdade é que mais importante do que esse jogo insano, no qual não existem vencedores, existe a paz em família que deve triunfar acima de tudo.
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