Como as Redes Sociais afetam nossos projetos?
Não basta passar as férias num lugar maravilhoso se ninguém souber que você esteve lá. Essa é a lógica que faz com que as pessoas se exponham cada vez mais nas redes sociais. Mas a felicidade só é completa quando a quantidade de likes recebidos alcança a meta esperada pelo ego. Parece que desistimos de buscar a felicidade real baseada em motivos sustentáveis e estamos nos contentando com a felicidade líquida que só existe nos feeds do Instagram e desaparece em seguida.
Infodemia, é o nome que se dá ao excesso de informações que recebemos e compartilhamos diariamente na Internet. Uma pesquisa da Comscore mostrou que o brasileiro passa, em média 46 horas por mês conectado nas mídias sociais. O Brasil está na terceira posição entre as nações que mais consomem esses aplicativos, além de ser o segundo país com mais influenciadores digitais no mundo. Influencer já é a profissão que mais cresce no Brasil, superando em 8 vezes a profissão de Advogado e em 20 vezes, a de Médico.
O papel do Influenciador digital é atrair o interesse das pessoas através de suas habilidades de comunicação para promover produtos e marcas. O sucesso alcançado por esses profissionais ultrapassou os limites da profissão e hoje tornou-se um modelo de comunicação social. A maioria das páginas de pessoas comuns, exibe a mesma estrutura encontrada nas páginas dos influencers com cenas de uma vida idealizada, que muitas vezes, é só aparência. Nas Redes Sociais não há lugar para dor, tristezas e derrotas; ninguém posta situações desafiadoras, só conquistas.
Para além do simples passatempo recreativo, ficar horas nas Redes Sociais consumindo e compartilhando informações, pode afetar a saúde mental. A ideia de que a minha grama não é tão verde quanto a do meu vizinho, faz todo sentido aqui, pois cria o pensamento de que “todos são felizes, menos eu”. Para a nossa mente inconsciente, que não diferencia o falso do verdadeiro, essa atitude mental ganha um caráter concreto transformando-se em descontentamento com a vida, ansiedade e depressão.
Devemos ter sonhos e lutar por eles, mas antes disso, é preciso aprender a gerenciar nossas emoções. Será que sou mesmo um fracassado? Os meus projetos de vida são, realmente meus ou estou me baseando na história dos outros? A felicidade compartilhada nas Redes Sociais é líquida e descartável enquanto que a felicidade sustentável começa com a aceitação incondicional de quem você é incluindo defeitos. Mas a vida não pode se fechar nos interesses individuais; é preciso se abrir para o próximo através da generosidade e da prática constante do bem. Quando você sentir a verdadeira felicidade presente no seu coração, não precisará mais postá-la em nenhuma Rede social.
Romildo R. Almeida – Psicólogo clínico
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