O nome é meio estranho: “cutting” que em inglês significa cortar-se e vem se tornando uma prática comum entre adolescentes, além de despertar a atenção de psicólogos e educadores devido ao aumento considerável de casos de jovens que praticam algum tipo de auto mutilação.
Creio que no Brasil ainda não existe estudo a respeito, mas nos Estados Unidos, de acordo com a revista Times, entre 14% e 39% dos adolescentes americanos já praticaram algum tipo de auto mutilação. Eu, particularmente, já atendi em meu consultório dezenas de casos de jovens que se cortaram com estiletes pelo simples prazer de sentir dor.
Parece contraditório, já que instintivamente deveríamos buscar prazer e não dor, mas observem a quantidade de pessoas com piercings pelo corpo apesar da dor e do desconforto que isso causa. E o que dizer das pessoas que praticam a chamada suspensão, que consiste em elevar o próprio corpo, vertical ou horizontalmente, através de ganchos de aço fincados na pele? O que o jovem está tentando comunicar quando mutila o próprio corpo?
Quem pratica responde que o faz por simples prazer. A curiosidade também é um elemento importante, afinal os adolescentes vivem em busca de novas sensações. A Internet está cheia de páginas e salas de bate papo onde jovens trocam informações sobre essa prática.
Outra hipótese seria a necessidade de correr riscos. Os adolescentes ouvem falar e querem experimentar, assim como gostam de testar outros comportamentos arriscados desafiando os próprios limites. A depressão, ansiedade e autoestima rebaixada, também são fatores que podem levar o jovem a essas práticas.
As estatísticas mostram também que adolescentes do sexo feminino praticam esse comportamento com maior frequência em comparação com os do sexo masculino.
Pais e professores devem ficar atentos e observar comportamentos desse tipo, pois começa com uma simples brincadeira de sacar a lâmina do apontador de lápis e passa-la sobre a pele.
Há uma diferença entre aqueles que se cortam desenhando algum símbolo ou letra indicando fidelização à algum grupo ou pessoa, daqueles que se cortam compulsivamente para aliviar a tensão provocando ferimentos em si próprios.
No primeiro caso a pessoa expõe com orgulho o feito em sinal de coragem buscando assim uma forma de poder e reconhecimento por parte dos colegas. No segundo caso, porém estão as pessoas depressivas que se mutilam em casa de forma secreta. Geralmente usam roupas com mangas compridas, pois têm vergonha de serem descobertas.
É importante saber que esse comportamento não é normal e indica que algo de negativo está acontecendo na vida afetiva do adolescente. Portanto, deve ser tratado como doença psíquica; de nada adianta repreender ou dar castigos.
Deve-se tentar descobrir numa conversa franca, qual o sentimento que está por trás desse comportamento. A busca de tratamento médico ou psicológico deve ser feita imediatamente, pois esse comportamento pode facilmente evoluir para um problema mais grave.
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