Ser mãe nos dias de hoje já é uma tarefa difícil que exige preparo, capacidade de renúncia, além de muita responsabilidade. Ser mãe adotiva é um ato sublime de amor, porém muito mais complicado e este artigo tenta explicar o porquê.
A necessidade é tamanha que muitos casais não suportam esperar pelas longas filas que se formam no processo legal de adoções e partem para adoções paralelas que envolvem um acordo secreto com a mãe biológica e em muitos casos até ajuda financeira.Naturalmente o casal que não conseguiu gerar um filho de maneira natural depois de muitas tentativas, recorre à adoção como um meio de satisfazer não só um instinto básico da natureza humana, mas também um desejo legítimo de dar sentido a própria vida.
O desejo de ser mãe, que em si é louvável, tenta justificar racionalmente a realização de um ato ilícito do ponto de vista legal. A desculpa é: quem pode esperar por tanto tempo e percorrer esse calvário burocrático para conseguir adotar uma criança?
Normalmente o casal que depois de muita reflexão e discussão, superou as dúvidas e resolveu, enfim, adotar um bebê é tomado de muita ansiedade e não quer outra coisa, senão ter o bebê o mais rápido possível, não importa aonde, nem como.
Ao mesmo tempo em que os novos pais se enchem de felicidade e euforia pela chegada do novo bebê, são também tomados de um medo terrível de que a família biológica venha um dia reclamar na justiça, o direito à criança, seja por arrependimento ou por interesses financeiros.
Esse medo não deixa de fazer sentido levando-se em conta que as mães biológicas que entregam os seus filhos, geralmente são mulheres pobres, que moram em lugares distantes e vivem em situações precárias.
Os pais adotivos passam então a exercer uma postura de superproteção ao bebê. Na verdade, estão tentando proteger a si mesmos diante do medo inconsciente de um dia perde-lo.
Alimentados por essa ameaça, subtraem da criança adotada as suas raízes, evitando dar informações sobre a sua origem, tirando dela não só um direito sagrado, mas a necessidade de conhecer o seu passado.
A criança que cresce dentro desse ambiente de medo e insegurança dos pais, terá dificuldades de se ajustar afetiva e socialmente tornando-se um indivíduo com grande potencial problemático no futuro.
Um vinculo dessa natureza inverte o sentido ideal da adoção e coloca a necessidade de segurança dos pais acima dos interesses da criança, fazendo-nos indagar: quem está ajudando quem? Quem é a criança e quem é o adulto?
A decisão de adotar deveria ser um processo maduro e consciente baseado no desejo único de doar-se a alguém, fazendo aquilo que Jesus nos ensinou, isto é lançar-se sem medo e sem nenhuma expectativa de recompensa. Esta seria uma verdadeira atitude de amor ao próximo.
Devemos tomar cuidado para não inverter os papéis esperando que a criança adotada seja a solução para as nossas frustrações. O ideal seria que os pais adotivos buscassem orientação espiritual ou psicológica antes e depois da adoção.
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