Mãe leoa
Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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Certa vez, fazendo compras num supermercado, assisti uma cena que me chamou a atenção. Uma mulher trazia no carrinho de compras uma criança com mais ou menos três anos. O que me chamou a atenção era que a criança estava com um pacote de salgadinhos, comendo tranquilamente.

Creio que o leitor também já presenciou cenas parecidas com essa. Aparentemente, nada de anormal. Aquela mulher poderia alegar que a criança estava com fome e que não era errado fazer isso, já que ela pagaria pelo produto assim que chegasse ao caixa.

Essa mulher, todavia, pertence a um grupo de mães conhecido como “mãe leoa”, ou seja, aquela que faz o que pode e o que não pode para garantir o bem estar de seu pimpolho.

Existem muitas mães leoas atualmente devido a condição da mulher moderna que além de trabalhar fora, ainda tem que ser dona de casa e mãe. Essas mães têm certo sentimento de culpa por dedicarem-se pouco aos filhos e por esta razão tentam compensá-los sendo boazinhas.

Existem também aquelas mães que abriram mão de uma promissora carreira profissional para se dedicar a maternidade. Essas mães buscam ser gratificadas pela sua atitude “heróica” e consequentemente têm dificuldades de impor limites.

Por trás de atitudes inocentes como as citadas acima, existe uma questão bem mais séria que deveria ser levada em conta na hora de decidir se devemos ou não atender os desejos de uma criança, dado-lhe prazer antecipadamente. Devemos saber que o prazer em qualquer circunstância da nossa vida, deve ser conquistado e não ganhado.

Se hoje vivemos numa sociedade egoísta, onde um tenta levar vantagem sobre o outro, usando meios ilícitos para atingir o seu objetivo, é exatamente porque o prazer individual é entendido como direito e o interesse comum fica em segundo plano.

Partindo do princípio que o ato de educar é um processo lento e contínuo e envolve uma variedade de instrumentos como palavras e atitudes, eu me pergunto agora: Como reagiria essa mãe leoa se a filha tivesse quinze anos e quisesse dormir com o namorado em casa? Será que ela deixaria? Provavelmente não e estaria certa já que nessa idade um adolescente ainda não está pronto para assumir um relacionamento desse tipo.

Todavia, mal sabe ela, que o prazer que a filha, agora reivindica, começou há dez anos numa inocente cena dentro de um supermercado. Aquela cena, foi a primeira aula sobre prazer e responsabilidade e infelizmente, foi ela mesma quem ensinou que os desejos devem ser satisfeitos de imediato.

Eis porque devemos dar mais atenção à educação das crianças. Quando dizemos não e colocamos limites, estamos fazendo muito mais do que escolher uma resposta entre sim e não.

Temos que educar uma criança para que ela possa no futuro saber lidar com as frustrações e entender que o prazer não se ganha e nem se compra no supermercado.  Conquista-se com trabalho e luta.

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