Paranormalidade
Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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No artigo publicado na edição anterior, deste jornal apresentei de forma geral o tema  Hipnose. Vimos a evolução da hipnose, da clássica abandonada por Freud, até a Hipnose moderna difundida por Erickson e ressuscitada como técnica em psicoterapia. Aprendemos que a hipnose está inserida em qualquer contexto ainda que não a percebamos. Nesse artigo, vamos continuar a abordagem do tema propondo a seguinte questão:

Seria possível a uma pessoa não se influenciar de maneira alguma seja nos seus contatos sociais ou quando está diante da TV? Infelizmente a resposta é não. Isto eqüivale a dizer que todos nós somos sugestionáveis em maior ou menor grau. Por que? Porque paralela a esta nossa linda mente consciente da qual nos orgulhamos, por estarmos sempre atentos e sermos donos dos nossos narizes, existe um outro nível que é inconsciente e o pior, ele é bem maior do que o consciente. Se compararmos nosso psiquismo a uma laranja, o consciente corresponderia apenas a casca enquanto que todo o resto seria o inconsciente. É certo que temos uma capacidade consciente de apreender a realidade a nossa volta mas o inconsciente tem muito mais. Até aqui tudo estaria bem não fosse o fato de que tudo que entra no inconsciente, é combinado com novas experiências e depois expresso nas nossas atitudes, vontades, decisões etc. e tal.

HIPNOSE E PROPAGANDA SUBLIMINAR

A propaganda é um bom exemplo de como tudo isso nos afeta. No mundo todo, as empresas gastam anualmente bilhões e bilhões de dólares com publicidade. Por que será que gastam tanto dinheiro? As grandes agências de marketing produzem comerciais para o rádio, TV, revistas e out doors  cada vez mais elaborados. Neles aparecem lindas modelos, carros, cavalos, aviões cheios de beleza, requinte e grandeza. Isso porque nós gostamos de nos identificar com o que há de melhor. Não há como não prestar atenção. Mesmo quem diz não gostar de propagandas acaba dando uma olhada. Muito bem. Sabemos que existe uma modalidade de percepção chamada de subliminar. Isto é: enquanto prestamos atenção, consciente, naquilo que queremos prestar, nosso inconsciente vai gravando automaticamente outros estímulos sejam eles visuais, auditivos, olfativos etc., independente da nossa vontade. Um exemplo disso: enquanto o amigo leitor lê estas linhas, ouve, sem se dar conta, pequenos ruídos vindos da rua ou vê objetos que estão a sua volta com sua visão periférica. Esses estímulos foram captados de forma subliminar e vão se combinar com outras informações que estão armazenadas na nossa memória fazendo parte do nosso aprendizado. Muito conhecidas se tornaram as experiências conduzidas por pesquisadores americanos na década de 60. Eis uma delas: Durante a projeção de um filme numa sessão de cinema, colocou-se num dos fotogramas a palavra sede e no outro coca-cola. O que se observou nesse dia, foi que as vendas do refrigerante aumentaram consideravelmente sem que houvesse outros motivos para que isso ocorresse.  Esse tipo de propaganda, felizmente, é proibida no Brasil, mas dá uma mostra de como somos sugestionáveis ao menos  indiretamente.

As técnicas utilizadas na criação da propaganda são baseadas nos estudos de uma área da Psicologia, chamada de Psicologia Social. Um dos objetivos dessa área é identificar como as interações  entre as pessoas podem conduzir a determinados comportamentos. Exemplo: Todos nós temos a necessidade de pertencer a um  determinado grupo social,  temos a necessidade de ter status, de sermos valorizados na sociedade etc.. Essas necessidades, sem dúvida, vão influenciar nossos comportamentos e consequentemente interferir diretamente nas nossas escolhas. Todas essas informações nos ajudam a entender melhor como se dão os fenômenos observados na hipnose e nos fazem pensar que a propaganda é, em última análise uma autêntica indução hipnótica pois é especialmente elaborada para nos influenciar. Agora vamos refletir: Por quanto tempo ficamos imóvel diante da TV assistindo um filme ou uma novela e esquecemos do tempo? Quantos produtos   temos em casa que compramos e nunca usamos? Quantos produtos temos em casa que nunca  foram anunciados no rádio ou na TV?(Será que algum?). E tem gente que ainda diz que nunca foi hipnotizado.

HIPNOSE, RELIGIÃO E POLÍTICA

As técnicas hipnóticas também são facilmente notadas  na postura de algumas personalidades políticas e religiosas. Cada detalhe é rigorosamente estudado e escolhido como se fosse uma embalagem de supermercado com o intuito, claro, de nos influenciar. Basta observarmos um político discursando num palanque e vamos descobrir o mesmo padrão em todos eles, na entonação de voz, postura corporal, roupas e principalmente nas promessas. O mesmo se pode observar em algumas seitas pentecostais. Seus pastores apresentam o estereótipo de tudo aquilo que a maioria das pessoas almejam. Ou seja, são fortes, bonitos, simpáticos, inteligentes, se vestem super bem e falam melhor ainda. Como os políticos, também prometem o reino da terra e do céu (nesta ordem) e o fazem  em nome de Deus.

Concluindo, só nos resta ser mais humildes e não partirmos do pressuposto falso que somos inteiramente livres nas nossas decisões. Pelo menos, enquanto existir  inconsciente, hipnose e pessoas interessadas em vender, ganhar dinheiro, vencer eleições ou se tornarem profetas. Enquanto isso não acontece,…. CUIDADO!

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