Uma reportagem de TV exibida no programa do Ratinho, foi motivo de protestos, comentários e dominou as conversas entre amigos na semana em que foi exibida. Trata-se, para quem não sabe, do infeliz vídeo em que uma criança de três anos aparecia sendo torturada por um criminoso, líder de uma quadrilha especializada em roubo de cargas, a título de vingança contra o pai da menina.
Todos os que assistiram ao programa, ficaram indignados com as cenas. Alguns dos meus pacientes chegaram a ficar perturbados naquela semana, com crises de choro, náusea e insônia.
Também, não era para menos, pois no vídeo, o criminoso aparecia chutando, socando e arremessando a criança contra a parede, pisando em sua barriga e até forçando-a a ingerir suas próprias fezes. Antes de exibir as terríveis cenas, o apresentador alertou os pais que tirassem as crianças da sala ou desligassem os aparelhos de TV, pois aquelas seriam as cenas mais violentas já exibidas na TV brasileira. Alertas como esse têm efeito contrário, pois funcionam como uma sugestão indireta, para ficarmos com a TV ligada aumentando a audiência o que, de fato, aconteceu.
Já comentei nesta coluna o caso da foto da menina do corredor que aparecia na Internet. Essas cenas horríveis de violência e barbarismo que nos são apresentadas diariamente pelos meios de comunicação são armazenadas no nosso inconsciente e lá vão se juntar e se combinar às nossas próprias experiências negativas gerando, depois posturas, atitudes e pensamentos de violência e destruição.
Os comentários de quem assistiu o programa eram do tipo: “Tem que matar aquele cara”, “Tem que torturá-lo até a morte”, “Eu mesmo faria isto” etc. Não preciso dizer aqui que a nossa sociedade já é bastante violenta e que programas como esse, além de não prestar nenhum serviço à conscientização do povo, ainda faz o efeito contrário criando e disseminando mais ódio entre as pessoas. É o velho bordão: “Violência gera violência”. Até quando teremos que suportar isso?
Nossa sociedade está infestada de ratões e de ratinhos que corroem os nossos neurônios e contaminam nossas mentes com uma programação de TV nociva, destrutiva e de péssima qualidade. O que fazer? Jogar a TV pela janela? Acontece que a TV e a Internet são meios de comunicação imprescindíveis nos tempos atuais, mas que infelizmente, não estão sendo utilizados para o bem do homem, para a formação de uma sociedade que respeita os valores humanos. Este é o grande problema que teremos que resolver no presente, para não termos que assistir no futuro mais “Maníacos do parque”, “Monstros do Morumbi” ou “matadores de Shopping Centers”.
A questão que se coloca agora é a seguinte: Quem vai armar essa ratoeira? A resposta é ninguém porque televisão é negócio e negócio é dinheiro, quanto mais audiência, mais dinheiro. Nós é que temos que escolher melhor a o que estamos “ingerindo nas nossas mentes”.
Não faça da sua televisão uma arma, a vítima pode ser você ou alguém da sua família.
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