Ate onde vai a violencia
Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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Centenas de mortos e feridos, pânico, uma cidade vivendo no caos, toque de recolher. Estamos falando do Iraque? Faixa de gaza? Jerusalém? Que nada! É São Paulo mesmo. A maior cidade da América latina e uma das maiores do mundo.

Por três dias São Paulo figurou no noticiário da imprensa do mundo todo. Até onde vai a violência?  Vai até a mente simples do cidadão comum. “Tem que matar bandido! Tem que soltar bomba na cadeia! Direitos humanos para bandidos?” Essas eram as opiniões mais ouvidas.

Definitivamente, a violência ultrapassou os limites da inteligência, e se instalou nas nossas mentes inconscientes. Perdemos a capacidade de refletir e quase já não somos mais humanos. Os avanços de uma mente evoluída que levaram milhões de anos para se desenvolverem, se perderam e voltamos aos tempos da barbárie, do olho por olho, dente por dente.

Desde o mais simples operário, até as pessoas mais cultas incluindo as autoridades, o pensamento é o mesmo: para acabar com o crime, é preciso mais armas, mais viaturas, mais policiais. Será que esta análise está totalmente correta?

A reposta é: NÃO! É inútil tentarmos nos livrar de nossa própria sombra. Essa violência que está estampada na nossa frente é resultado da nossa própria sociedade injusta e desumana. Ademais, os crimes do colarinho branco, a roubalheira que ocorre nos palácios do governo à luz do dia, não são mais bonitos do que aqueles que ocorrem nas ruas da cidade.

No entanto, ninguém defende a pena de morte para políticos corruptos; pelo contrário, batem palmas e os reelegem nas eleições seguintes.

Precisamos considerar o contexto em que a violência ocorre. Quase um terço da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza, e a distribuição de renda é uma das mais injustas do planeta. Com noventa por cento das riquezas nas mãos de poucos, enquanto a grande maioria pena para sobreviver, não dá para achar que o problema da violência se resolverá só com o emprego de força e com pena de morte.

A violência deixou de ser só um caso de polícia ou de política. A violência só acabará com a inclusão social por meio da educação, de políticas de governo que tirem as crianças e os jovens da zona de risco que levam à marginalidade. A violência só acabará com ações que envolvam a participação de todos, ou seja, quando governo e sociedade se derem as mãos e os políticos descerem dos palanques eleitorais.

A violência só acabará quando a ganância dos poderosos famintos de lucros der lugar ao compromisso com a justiça, e quando a classe média alta e a elite entenderem que a maneira mais inteligente de se ter segurança é devolver ao homem a sua dignidade. O bandido que temos que derrotar tem nome. Chama-se desigualdade social.

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