É hora de decidir, por meio do voto, quem vai governar este país nos próximos anos. A cada eleição a história se repete. Somos bombardeados por um arsenal de propagandas de candidatos que usam de todos os meios para atrair nossa atenção.
A maioria dos candidatos parece estar convencida de que serão eleitos pelos nossos sentidos, em especial pela nossa visão e audição, pois do contrário não se preocupariam tanto com detalhes sutis como a escolha da roupa, penteado, entonação de voz etc.
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo de 15/09/02, os candidatos não poupam recursos de maquiagem como tintura nos cabelos, realização de cirurgia plástica, sendo que alguns fazem até aplicação de botox, um produto químico que desfaz as rugas faciais produzindo, assim, uma aparência mais jovem.
Eu não tenho nada contra a beleza, pelo contrário, até aprecio, mas se formos escolher aquele que se apresenta mais bonito aos nossos olhos, correremos o risco de eleger um candidato Denorex, aquele que parece, mas não é, pois foi fabricado nos laboratórios sob a supervisão de um marketeiro e de um cirurgião plástico.
Temos que estar atentos, já que as informações estão sendo dirigidas, também, para o nosso inconsciente e não para o nosso consciente como deveria ser.
Nosso inconsciente já provou, no passado, ser um péssimo eleitor. Todas as vezes que escolhemos um candidato a partir do que vemos e ouvimos, as conseqüências não são nada boas.
Isso acontece porque temos uma tendência de identificação com um modelo que parece ser o inverso de nós e isto, as vezes, se torna uma armadilha que valoriza o mais bonito, o mais jovem, o mais elegante, o mais inteligente, o mais culto, etc. No fundo, o que queremos com isto é escapar dos complexos de inferioridade que tanto nos atormentam.
Em primeiro lugar, temos que saber que o slogam “Vote consciente” não passa de uma utopia. Por mais que nos esforcemos, não existirá voto plenamente consciente. A melhor saída é desconfiar sempre da nossa escolha e tentar diminuir ao máximo a intervenção do inconsciente nesse processo.
Todavia, isso não quer dizer que os nossos sentimentos e emoções devam ser desprezados. O ideal é que consciente e inconsciente possam se cooperar mutuamente para que a nossa escolha seja equilibrada.
Que nesta eleição possamos escolher um candidato que agrade os nossos sentidos, mas que no final a última palavra seja dada pela nossa razão. Assim, quem sabe desta vez, o nosso destino não seja só uma questão de sorte.
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