Levanta-te e vem para o palco
Postado em | Escrito por: Romildo Ribeiro de Almeida
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A magia da dança dos cadeirantes no grande baile que é a vida

Esta semana presenciei uma cena que me encheu os olhos e me ensinou muito mais do que anos de experiência profissional lidando com o problema das pessoas.

Estive numa academia de dança e, enquanto aguardava o meu grupo, assisti a um ensaio no qual um professor treinava passos de dança com sua aluna.

Até aí nada de interessante, não fosse por um detalhe: a aluna tinha deficiência física e se locomovia com graça e habilidade com sua cadeira de rodas. Com operações precisas nos comandos eletrônicos da sua cadeira, ela acompanhava os movimentos rítmicos da melodia, fazendo as rodas girarem para frente, para trás, em círculos e semicírculos como se fossem os pés de uma bailarina.

O professor, por sua vez, a tratava sem discriminação pedindo que ela se empenhasse cada vez mais para aprimorar os movimentos.

O que me chamava a atenção, além da habilidade da jovem no manuseio daquele aparelho, eram o prazer e alegria que se estampavam no seu semblante em cada movimento. Na minha opinião, aquele momento tinha a magia de devolver a ela o prazer pela vida e uma consciência mais ampla de si mesma, de suas possibilidades.

O grande desafio das pessoas com deficiência é justamente esse: tentar ir além dessa consciência reduzida cuja ênfase está focada somente nos limites que ela impõe e não nas possibilidades que cada um tem.

Por que num país com tantos deficientes como o nosso existem tão poucos cadeirantes nas academias de música, de dança ou nos clubes praticando esportes? A resposta é triste, mas verdadeira: porque isso custa dinheiro, e a maioria não tem recursos e não existem políticas de inclusão. Então as pessoas com deficiência ficam em casa e a sua única diversão é a TV.

Compreendi, então, que o termo deficiência só serve mesmo para classificar e justificar a culpa inconsciente de toda a sociedade por ignorar as necessidades dessas pessoas e privilegiar somente os “normais”.

As pessoas com deficiências necessitam muito mais do que rampas de acesso nas calçadas. Elas precisam de rampas de acesso à vida, mas vida com qualidade.

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