O mês de fevereiro foi marcado por uma tragédia que causou repulsa e comoção no Brasil inteiro. Trata-se da morte violenta do menino João Hélio Fernandes Vieites, de apenas seis anos, preso pelo cinto de segurança, do lado de fora do carro e arrastado por quatorze ruas, de quatro bairros no Rio de Janeiro. Dentre os responsáveis pelo bárbaro crime, está um menor de dezesseis anos.
A discussão que tomou conta da sociedade após esse crime horroroso, foi a respeito da punição que deveria ser dada aos criminosos. Fazer o mesmo com eles. Esse é o desejo da maioria. A lei do Talião que funciona na base do olho por olho, dente por dente é a resposta violenta ao problema da violência.
Propostas de redução da maioridade penal, pena de morte, prisão perpétua, deságuam na linha de pensamento de que a criminalidade é um problema exclusivamente de polícia e a causa é a falta de repressão ao crime. Ninguém há de negar que a repressão ao crime se faz necessária, mas há outras políticas que precisam ser discutidas, sob pena de levarmos a discussão ao âmbito puramente moral.
Considerar que os criminosos que cometeram o brutal assassinato eram animais, apenas aplaca a culpa de uma sociedade que não quer se olhar no espelho para enxergar que as causas são muito mais complexas e que para resolver o problema da violência, são necessárias intervenções mais amplas.
Existem várias cidades no mundo com níveis de violência semelhantes aos que conhecemos no Brasil. Em algumas delas esses níveis tiveram redução de até 90% como em Bogotá na Colômbia. Nova York é outro exemplo onde a criminalidade foi reduzida drasticamente.
Pois bem, nesses exemplos, paralelo ao aumento da repressão ao crime, houve também a implantação de programas sociais, com o engajamento de todos os setores da sociedade, do poder público ao privado tendo como meta combinar repressão com inclusão social.
Termino esse artigo com uma pergunta: O que é mais indicado diante de um quadro de febre alta? Quebrar o termômetro ou tentar combater as causas da infecção?
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