O câncer é uma doença tão temida que muitas pessoas evitam até pronunciar essa palavra. Apesar dos avanços da medicina, da eficácia dos medicamentos e das campanhas de conscientização, parece que o maior estrago que a doença produz não está no corpo, mas na mente das pessoas.
Acompanhei o drama de uma senhora que perdeu seu marido há um ano e meio e pedi que ela fizesse um relato de como enfrentou a doença desde o seu diagnóstico.
O seu relato pode servir de orientação e esclarecimento a muitas pessoas que estão ou temem estar numa situação semelhante, pois expressa os sentimentos de dúvida e expectativa gerada na família quando se descobre que um ente querido sofre desse mal: “Quando eu e meus filhos recebemos a notícia da doença do meu marido, tivemos as mais diversas reações”:
1) Não acreditar no diagnóstico (Isto não pode ser)
2) Medo do desconhecido, medo da dor, da doença que está por vir.
3) Sentimento de euforia: Vamos conseguir! (Alimentação, oração, energia, benção etc.) mas ao mesmo tempo uma insegurança ante a possibilidade de que tudo isso pode ser em vão.
4) Sentimento de proteção (Fica-se alerta para poupar qualquer palavra ou gesto que possa entristecer o doente.
5) Conflito entre comunicar ou não a outras pessoas sobre a doença.
6) Ter que rir forçado, quando a vontade é de chorar.
7) Lidar com o sentimento de culpa por achar que poderíamos ter feito alguma coisa para evitar a doença.
8) Encarar a realidade quando gostaríamos que tudo não passasse de um pesadelo.
O câncer é uma doença que atinge toda a família e a luta para tentar vence-lo causa mudanças na maneira de como nos relacionamos uns com os outros.
Essas mudanças podem ser até positivas, já que a doença faz com que nos tornamos mais solidários, criativos, comprometidos com o outro e principalmente mais unidos.
Enquanto a ciência não encontra a cura definitiva para esse mal, temos que encontrar a cura para o nosso medo de falar e ouvir sobre a doença sem provocar no outro reações negativas.
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