O sentimento de culpa é, sem dúvida, um dos maiores responsáveis pelas nossas crises de consciência e também um dos maiores causadores de sofrimento psíquico.
Quando nos sentimos culpados por algo que fizemos ou deixamos de fazer, a tendência sempre é buscar a reparação da culpa através da supercompensação ou desenvolver comportamento de fuga para proteger o nosso ego.
As mães superprotetoras, são um belo exemplo de supercompensação. Na tentativa de compensar um possível dano causado ao filho, como rejeição no útero materno, exageram nos cuidados posteriores com o bebê tentando, assim, amenizar a própria culpa.
Muitas vezes o sentimento de culpa é tão intenso, que não pode ser enfrentado conscientemente. Nesse caso fica guardado no inconsciente manifestando-se através de outros meios como nas neuroses compulsivas caracterizadas por manias de limpeza, excesso de preocupação com a saúde, perfeccionismo, etc.
Afinal, por que não assumimos a culpa pelos nossos erros? A resposta está no nosso orgulho pessoal. Todos nós queremos proteger o nosso ego e para isso usamos máscaras que mostram sempre uma imagem de como gostaríamos de ser vistos pelos outros.
Essa tendência de querer esconder os nossos próprios defeitos começa já na infância onde a criança é educada num sistema que valoriza os acertos e pune os erros. Com o tempo a criança aprende que parecer boazinha rende muito mais vantagens do que ser sincera. Pronto, está criado um mecanismo de defesa baseado nas máscaras.
Na criança, isso é normal, porque ela não dispõe ainda de uma autoestima suficientemente elevada que lhe permita enfrentar situações de confronto, sem expor o próprio ego ao risco de perder o que para ela é essencial: a confiança da autoridade.
Todavia, quando isso acontece com muita frequência, numa pessoa adulta, estamos diante de um quadro que possivelmente aponta para uma neurose.
De fato, existem pessoas que apresentam dificuldades em lidar com a culpa e quando confrontadas, negam, projetam, transferem, enfim, fazem de tudo para escapar do julgamento.
Pedro ao negar Jesus, também usou uma máscara para se proteger, mas arrependido, foi acometido por um grande sentimento de culpa e correu até os pés de Jesus para ser perdoado e restaurado.
Não importa quão grave seja o nosso erro, temos que ter a coragem de reconhecê-lo. A máscara cria uma imagem bonita e iluminada, mas só para os outros verem. Paralela a essa imagem bonita, existe a sombra que nos acompanha como uma companheira inseparável, interferindo nas nossas decisões e tolhendo a nossa liberdade.
Devemos fazer o que Pedro fez para lidar com a culpa, isto é, reconhecer a sombra, tirar a máscara e correr para a verdade, pois só ela pode nos libertar. Ânimo! É hora de recomeçar.
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