Assisti o filme O segredo da australiana Rhonda Byrne, porque já não agüentava mais as pessoas me perguntarem: Já assistiu O segredo?
O filme traz de volta os chavões da literatura de auto ajuda que tanto sucesso fez na década de setenta. A receita básica do filme é: Você pode, você consegue. Basta mentalizar carros, iates, altas contas bancárias e você atrairá tudo isso. O contrário, também é verdadeiro, segundo a autora. As doenças e tragédias da nossa vida pessoal, somos nós quem atraímos.
A autora comete alguns deslizes no filme, como ao citar que a mente humana funciona como um imã atraindo tudo o que pensamos de bom ou de ruim. A comparação é mal feita, pois sabemos que um imã atrai para o seu pólo justamente o seu contrário.
Mas deixando isso de lado, a verdade é que esse filme ganhou espaço até na internet. Existem blogs, chats e comunidades no orkut tratando do tema. Por que tanto sucesso? Num mundo tão injusto, numa sociedade tão desigual, as oportunidades são raras e as pessoas têm sede de chegar a uma condição de vida que não conseguiriam pelas suas próprias forças. Quando alguém propõe, então, um “mapa do tesouro” prometendo facilidades, não há quem resista.
O grande perigo nessa proposta é transformar o sofrimento que é inerente à condição humana e necessário ao processo de desenvolvimento, em mal a ser extirpado, a ser descartado. Todos sabemos que isso é impossível. A dor faz parte da vida. Freud dizia que o homem só é humano porque parte de si precisa permanecer insatisfeita, já que ele convive com outras pessoas que têm outros desejos.
O que sabemos é que a nossa mente inconsciente é instintiva. Seu papel é preservar nossa integridade física e psíquica. Zelar para que a nossa existência, seja como ricos ou pobres, felizes ou infelizes se propague e as nossas sementes sejam lançadas para além de nós mesmos. É o ciclo da vida. A felicidade, nesse contexto, não passa de uma estratégia da natureza para nos manter motivados a seguir adiante. A dor e o sofrimento é um alerta para que busquemos o caminho seguro.
A riqueza material se fosse possível alcança-la de forma tão fácil, como propõe o filme, não resolveria o grande problema da nossa época: A falta de direção, a falta de fé, a falta de Deus.
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