Vá agora diante de um espelho e olhe você mesmo. Dê um sorriso. Que tal? Como se sente? Você gosta da pessoa que está vendo?
Às vezes é difícil encarar a própria imagem porque dentro de nós existem vazios, difíceis de serem preenchidos. Desde o nascimento passamos por dificuldades que não escolhemos. São traumas que envolvem um pai alcoólatra, uma mãe ausente, a falta de afeto, a pobreza, a violência e tantas coisas mais.
Esse espelho de que falei acima, se apresenta diante de nós todos os dias, em todos as ocasiões. É o nosso próximo. Por que somos tão instáveis no relacionamento com pessoas? Porque uma pessoa nos agrada, nos atrai, e outra nos irrita mesmo sem fazer nada?
A maneira como uma pessoa nos afeta, ajuda-nos a perceber mais sobre nós mesmos, isto é conhecer a nossa própria sombra.
Quando nos deparamos com uma pessoa que nos irrita muito, logo passamos a julgá-la. Na verdade, pensamos que aquela pessoa carrega todos os males possíveis e imagináveis, então projetamos nela tudo aquilo que, na verdade está em nós mesmos e não queremos ver.
Essas pessoas são espelhos onde podemos ver, refletido, todo o conteúdo negativo que, um dia, abafamos e afastamos da nossa consciência.
Seria tão bom se pudéssemos viver o belo e nos relacionar somente com pessoas que nos causassem bem estar. Seria a felicidade plena. O paraíso deve ser assim.
A neurose acontece quando acreditamos nessa possibilidade e passamos a buscar o parceiro ideal, o amigo ideal, o chefe ideal, enfim quando idealizamos o bem e passamos a procurá-lo desesperadamente nas outras pessoas ou objetos. O que queremos com isso? Queremos preencher o vazio que existe dentro de nós, com objetos trazidos de fora.
Cedo ou tarde vamos descobrir que não existe esse ideal e que tudo aquilo que buscamos fora, durante uma vida inteira, estava dentro de nós.
Infelizmente o tempo passa, as pessoas vão, os bens se acabam e as drogas perdem o seu efeito. Não existe nada confiável a não ser a livre decisão de amar. O primeiro mandamento da lei de Deus diz: Amai a Deus sobre todos as coisas e o próximo como a ti mesmo.
Precisamos olhar para dentro de nós mesmos com benevolência, aceitar nosso passado e nos perdoar. Só assim conseguiremos preencher esse vazio e iluminar essa escuridão com uma luz que jamais se apagará. Precisamos descobrir Deus dentro de nós mesmos.
Olá Romildo, bom dia.
(Acompanho seus textos, e os aprecio, há mais de 10 anos, desde o jornal da Diocese-Guarulhos)
Sobre este artigo gostaria de observar o seguinte:
O título levou-me a pensar que os traumas de infância geram apenas um vazio interior das pessoas.
Então pergunto:
Esse vazio poderia ser causa para que pessoas, efetivamente traumatizadas, não evoluam na vida, isto é, não obtenham sucesso afetivo, profissional, pessoal, espiritual etc, proporcional às suas possibilidades?
Muito obrigado e parabéns pelo blog.
Um
Abraço
Nivaldo