Provavelmente você já sonhou com algum conhecido ou parente que já morreu e se isto é verdade deve ter se perguntado: “O que significa isso?”, “O que o morto quer de mim?”. “O que está tentando me dizer?”.
Essas indagações partem do princípio que os mortos se comunicam com os vivos e usam o sonho para fazê-lo. Certa vez uma pessoa me relatou um sonho que teve com a sogra em que esta reclamava das plantas que haviam sido plantadas em seu túmulo e também da lápide onde seu nome estava escrito de forma errada. Com receio de desagradar a falecida, mandou, mais que depressa, efetuar o conserto justificando: “com morto não se brinca”.
Outra pessoa me relatou que sempre rezava pedindo que seu finado pai lhe ajudasse lá do céu. Mas certa vez, sonhou que seu pai estava triste e por isso resolveu não pedir mais com medo de que estivesse lhe prejudicando com tantos pedidos.
Esses exemplos mostram uma idéia de vida do além com características e condições semelhantes àquelas que encontramos aqui no mundo dos vivos. Mas afinal o que está por trás desses sonhos? O que eles nos revelam?
Em primeiro lugar devemos ter em mente que o conteúdo do sonho refere-se sempre à pessoa que sonha e não à pessoa com quem sonhamos esteja ela viva ou morta.
Todos nós temos uma consciência que nos acusa quando fazemos algo incompatível com o nosso dever. Essa consciência cria o chamado complexo de culpa que nos incomoda com o objetivo de forçar a reparação do problema. Essa atitude é inconsciente, isto é, não depende da nossa vontade.
Nos exemplos acima, percebe-se claramente a ação desse mecanismo inconsciente. No primeiro caso o sonho tenta alertar para uma gafe cometida contra a falecida e que o consciente ainda não tinha se dado conta. No segundo caso vemos uma pessoa escrupulosa manifestando seu complexo de culpa pela possibilidade de estar perturbando o sossego do pai.
Devemos sempre buscar as explicações a partir de nós mesmos e não a partir dos outros. A pergunta que deve ser feita é: O que o meu inconsciente está tentado me dizer? Ao invés de: O que o morto está me dizendo?
Na primeira questão, nos colocamos nos centro como sujeito e objeto, ao mesmo tempo, isto é simplificamos. Na segunda, complicamos tudo e abrimos espaço para crendices, medos e superstições.
Por isso da próxima vez que você tiver um sonho ruim, seja com um morto ou com um vivo, não se assuste, fique tranqüilo, faça uma análise de consciência e descubra qual é de fato a sua culpa. Se puder reparar o seu erro, faça-o, porque sempre temos algo para melhorar. Mas quanto ao finado, deixe-o em paz.
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