Recebi muitos comentários a respeito do último artigo que escrevi neste jornal sobre a Nova Era. Foram telefonemas, cartas e e-mails confirmando o grande interesse que o assunto desperta e a perplexidade de muitos que nem imaginavam estar tão próximos dessa doutrina sem perceber.
A Nova Era é propagada pela TV, pelas revistas, pelos programas de rádio e está em muitos produtos que consumimos. Não esperem encontrar um selo, etiqueta ou aviso alertando: “produto da Nova Era” para identificá-la. Temos que conhecer o terreno onde estamos pisando. Existem, por exemplo, muitas empresas que apoiam e propagam através de seus produtos a mensagem da Nova Era. Hoje é muito comum participarmos de cursos de treinamento, seminários de vendas para o desenvolvimento da pessoa, mas muitos desses cursos estão carregados de mensagens subliminares, que, mesmo inocentemente, podem prejudicar fazendo-nos acreditar que a realização pessoal, a felicidade em si, é o mesmo que ter dinheiro e poder para conseguir o que quiser. Esta idéia (da Nova Era) vai completamente contra os princípios básicos da vida cristã que enfatiza o amor à Deus e ao próximo como caminho da salvação e da felicidade plena.
Recentemente, visitei o mundo encantado de Walt Disney juntamente com a família, numa viagem totalmente paga pela própria Walt Disney Co., como prêmio por termos vencido um concurso de redações promovido pela revista Disney Explora e o jornal Folha de São Paulo. Portanto estou a vontade para criticar. Elogios à parte, já que em matéria de entretenimento e emoções acredito que no mundo não há nada igual, tudo é espetacular, percebi que a Disney é uma empresa que coloca em prática os conceitos da Nova Era. O símbolo maior da empresa, o Mickey, está estampado em tudo que se possa imaginar. Até a comida que se come, vem em formato de Mickey. O sujeito é convidado, inconscientemente, a adorar o simpático camundongo dia e noite. Dorme-se, sonha-se e acorda-se com ele quer queira quer não numa autêntica lavagem cerebral. Só falta rezarem para o Mickey, se é que já não o fazem. A Disney tornou-se a Meca do Ocidente.
Os espetáculos, lá apresentados, são autênticos cultos a sua imagem, fazendo dele um verdadeiro mito, e da Disneymania uma verdadeira religião. Em quase todos os Shows, especialmente no Show Fantasmic da MGM, ele está no lugar mais alto aparecendo sempre triunfalmente como o herói. No grand finale, ele é o deus que derrota todas as forças do mal e se transforma no grande salvador. No Show da Millenium Celebration no Epcot Center, ocorre o big bang, uma explosão em que tudo se funde dando lugar à Nova Era, novo mundo de paz e de harmonia e no final só cores e alegria. A multidão aplaude e delira. Já não se pode pensar em mais nada a não ser em ser feliz e render graças a quem? à Walt Disney e ao Mickey, é claro.
. Com todas essas características fica difícil não ver na Disney uma empresa identificada com a Nova Era. Tudo é especialmente projetado para encantar o público que assiste. A mensagem chega subliminarmente ou seja, sem que a percebamos: Não precisamos de nada para vivermos bem. Para que Deus? Para que o amor ao próximo? O que importa é consumir os produtos da Disney e mais nada. O resto nos será acrescentado.
Muito bem, mais e daí? Qual é o perigo? O perigo é tornarmos vítimas do nosso inconsciente. O homem corre o risco de sucumbir ao canto da sereia dessas novas “religiões” do homem moderno que subjugam o próprio Deus e valorizam o bem estar individual, o sucesso pessoal, o poder, o dinheiro, o prazer egocêntrico. Corre o risco de perder sua identidade de Filhos de Deus, de perder sua raízes cristãs e se engajar nas “maravilhas” desse Novo Mundo que nos atrai e nos seduz. Portanto, termino este artigo citando o evangelho de São Marcos (14,38): “Vigiai e orai para não cairdes em tentação. “
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