Muitas vezes o luto se transforma em transtorno de Adaptação.
A dor de perder um ente querido ou um amigo muito próximo é uma experiência bastante difícil para qualquer pessoa. Somente quem já passou por isso, sabe avaliar. Dizem que devemos estar sempre preparados para a perda, mas na verdade, ninguém gostaria sequer de pensar na morte quanto mais preparar-se.
Mas temos que encarar a morte como um processo natural e saber aceitá-la com resignação e esperança porque tudo o que a natureza faz tem um sentido e se pensarmos bem, a ideia de que a vida que vivemos aqui não vai durar para sempre, é algo positivo e necessário para a construção dos nossos projetos. Saber que um dia vamos morrer incentiva-nos a lutar e a dar mais valor a vida.
Pode-se dizer que a morte é a grande mola propulsora da vida, pois se ela não existisse o ser humano tenderia a ficar acomodado numa espera infinita. Nada seria aperfeiçoado e as grandes invenções e avanços tecnológicos que hoje podemos desfrutar, provavelmente não existiriam, pois quem iria se preocupar com isso diante da possibilidade de viver para sempre? Afinal, tudo poderia ser adiado.
Creio que o grande problema é quando a natureza não cumpre o seu desígnio e ocorre uma inversão da ordem natural. Por esta ordem, os filhos deveriam sepultar os pais. Quando isso ocorre, por mais que seja doloroso, deve ser feito com sentimento de orgulho e honra pela responsabilidade do dever cumprido com dignidade. É paradoxalmente belo ver os filhos carregando o caixão do pai ou da mãe em meio às lágrimas ainda que a morte tenha sido fruto de acontecimentos trágicos ou doenças.
Por outro lado, é muito triste ver os pais enterrando os filhos. Infelizmente isso se tornou comum nos dias de hoje devido o problema da violência e das drogas. Simplesmente a natureza não dotou os pais de meios para lidar com essa possibilidade e quando isso acontece, causa uma ferida incurável na vida de quem perde um filho.
Mas temos que enxergar até na morte um processo de crescimento, pois quem morre deixa sempre um legado que é como uma herança espiritual que pode ser transferida àqueles que ficam.
Temos que ter em mente que a dor da perda é normal e faz parte do processo de superação. A dor da perda não é depressão e sim elaboração do sentimento, portanto, não deve ser tratado com medicamentos.
Essa elaboração pode levar de três meses a um ano dependendo da situação. Há casos, porém, que a pessoa não consegue elaborar o luto, mesmo depois de muito tempo. Quando isso acontece, estamos diante de um problema chamado de transtorno de adaptação.
Esse transtorno provoca um estado constante de sofrimento e perturbação emocional que impede o funcionamento normal do indivíduo, principalmente no seu desempenho social e profissional.Casos assim devem ser tratados e a conduta mais indicada é procurar ajuda médica ou psicológica.
A religião é o melhor remédio, pois a crença na vida eterna nos dá conforto na certeza das bem aventuranças que Jesus prometeu. Nesse sentido, a morte não é derrota nem perda e sim vitória, pois somente com ela poderemos alcançar a nossa verdadeira libertação.
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